“Deus dai-me o ventre de Maria e as coxas de Pietra nesta hora inglória Senhor dai-me competência para recortar com meus dedos trêmulos a pele de Ellen e colar com meus olhos turvos os olhos de Jenifer e multiplicar os lábios de Ira para copiar de meu pranto a dor no riso de Juliana dai-me Deus todas as teclas para clipar de Diana a nuca e escanear de Luna a vulva e amamentar os mamilos magenta cem por cento de Luana para deletar os defeitos nos pés de Claudia neste estéril Éden ó Onipotente dai-me forças para arrancar de minhas dores lombares o traço que rotunde a bunda plana de Lara para que seja em todas as camadas sangue do meu sangue a espessura sem gordura da panturrilha de Priscilla govenai minhas mãos ao retocar os pêlos de Piera no pulsar de minhas glândulas para que seja d’Ela em minha tela a essência de mim mesmo aqui derrotado sobre o mouse sem jamais esperança de céus para envolvê-La nem pau para fodê-La e pelo sagrado programa que excide rugas e celulites e estrias queira Deus que eu faça desta Eva a Nossa Senhora do Último Dígito e que Ela apareça nesta mísera cela Bendita entre as capas de revista para salvar as almas elétricas de todos os homens antes que o sexagésimo café esfrie sobre a renitente tendinite deste solitário gigolô de imagens e expire o prazo para criar outro pôster de borracharia agora na hora de nossa morte amém.
Vila Madalena (SP), inverno, 2002.” (ipsis litteris, in Céu de Lúcifer, p. 73)
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