para o Paulinho
Os dias de ensaio. Tantas histórias. Muitas. Dias de ensaio. Em geral comuns, cotidianos, louça lavada ou por lavar. Convivências diárias. Boas, ruins, todas. A gripe de um, o aniversário de outro, o beijo entre uma cena. E a outra. O dente que dói, o sapato que aperta, o ônibus que atrasou, sorry. Dias de ensaio. A neblina das ruas quando inverno, a cidade baixa. O jantar tardio no Copa, aquele concerto de vozes. Às vezes, o bar do Beto, outras, um lugar comum. E as conversas, as conversas. As conversas. De tudo, de todos. Quem comeu quem. Quem não comeu ninguém. A vaca amarela. Os dias de ensaio. Os atrasos, a chuva, a morte do tio, o nascimento do afilhado. A briga com a empregada, com o filho, com Deus. A briga consigo mesmo. A depressão: hoje eu não saio, hoje eu não ensaio. Dias de ensaio: uma, duas, três semanas. Os medos rondando. O meu, o nosso. Um, dois, três meses. Os medos, nós crianças. Até crescermos. E estrearmos.
Texto extraído do livro "A Ilha do Tesouro e outros poemas", do escritor Claudio Cruz, 2009, p.46.
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