Preciosidades

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Contos de Veronica Stigger


200m2   Verônica estava trifeliz (sim, ela era
gaúcha) com seu apartamento novo no Centro. O ami-
go Donizete, mineiro, organizou um chá de panela para
celebrar a compra. Verônica e Eduardo (seu marido,
também gaúcho) prepararam pães, patês, bolos e san-
gria para a noitada de sábado. O apartamento ficou
cheio de gente. Todos estavam encantados com a ampli-
tude das peças. No meio da festa, Verônica foi até a cris-
taleira, pegou a pistola que herdara do avô, colocou-a na 
boca e disparou. Seus miolos foram parar na parede azul.
Então, como combinado, Eduardo leu um conto que ela
deixou - e que, como sempre, ninguém compreendeu. 

(in “Os anões”, Verônica Stigger, 2010, p.18)


L’après-midi de V.S.
Achei que as igrejas daqui eram mudas
Sabia mas não sei mais qual é o sexo de Wega Nery
Só eu não senti o terremoto
(Os anões, de Verônica Stigger, 2010, p.19)

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