Uma galáxia em redemoinho cruza os céus do showbusiness, e todo mundo segue perguntando: é a Cher? A Josephine Baker? A Carmen Miranda? A Elke Maravilha? É tudo isso e mais um pouco. É Lady Gaga. Super Gaga.
Uma galáxia em vórtice cruza intermitente o céu do show business atual. Cada vez que ela passa, tomando de assalto a paisagem do estrelato, todos tentam adivinhar e reconhecer o fenômeno brilhante, enigmático e euforizante. É um filme? Uma performance? Um videogame? Um comercial? É isso tudo e mais alguma coisa. É Lady Gaga, Super Gaga.
Na história da arte existe a lenda, o artista emblemático cuja obra é a tradução de uma época, síntese de costumes, mitologias, tecnologias, visões de mundo devidamente filtradas por sua lente particular. Alguns se calcam no excesso extravagante. Toda a obra é síntese-colagem-montagem-puzzle esdrúxulo do que acontece à sua volta. Como um redemoinho que leva de roldão o mundo e lhe impõe uma velocidade cheia de tensão. Ao mesmo tempo amorosa e bélica, Lady Gaga pertence a esse grupo. Ela nos faz pensar de forma divertida, cínica, ampla, geral e irrestrita nos caminhos interconectados de todas as mídias, ou, como são designados esses canais hoje, plataformas. Saltos mortais nas plataformas encruzilhadas. A ingerência de uma mídia na outra é o que caracteriza a maioria das produções artísticas hoje em dia. Ela sabe disso e surfa nessa onda infinita com competência desconcertante. Com a história da arte, da propaganda, do urbanismo, da tecnociência, todas elas precisando umas das outras para seduzir populações estressadas, dispersas, ignorantes ou superinformadas, o artista emblemático da nossa era é aquele que incrementa esse processo de tudo ao mesmo tempo agora. Aquele que trabalha o excesso extravagante da simbiose entre homem e máquina, entre homem e mídia. Aquele que faz uma colagem original e suculenta do excesso de informação. O que deveria nos entorpecer e nos dispersar é a sua base de atuação e criação. Lady Gaga, Super Gaga tem esse cacife.
Uma galáxia em redemoinho cruza os céus do showbusiness atual de forma intermitente. Quando ela cruza, ofuscante e fascinante, todos se perguntam: é Madonna? David Bowie? Fellini? Tarantino? É isso tudo e mais alguma coisa. É Lady Gaga, Super Gaga.
Figurinos bizarros, presença alucinante no palco, hits grudentos. Citações e referências devidamente liquidificadas, filtradas, pervertidas pelo toque de mídia dessa Lady Nova York. Nascida na nave-mãe do Ocidente, interessada por tudo e muito a fim de fazer da sua visão excêntrica de mundo um sucesso acachapante, e la só poderia transformar-se numa sacerdotisa do excesso pop. Sacerdotisa do entretenimento mundial, que hoje é sinônimo de convergência de mídias. Sacerdotisa cuja música é um álibi para girar a roleta da publicidade, dos clipes, das imagens, da moda, da teatralidade, do cinema, da internet, dos escândalos de celebridades, da poesia cortante jogada na cara do público, ávido pelo que ela tem a oferecer. Uma mulher que, além de tudo, escreve versos para escancarar seus sentimentos e a percepção de si mesma: “Meio psicótica, meio doente, meio hipnótica / Minha estrutura é sinfônica / Meio hipnótica, doente, psicótica / Minha estrutura é eletrônica” (Just Dance).
Uma galáxia em redemoinho cruza os céus do showbusiness, e todo mundo segue perguntando: é a Cher? A Josephine Baker? A Carmen Miranda? A Elke Maravilha? É tudo isso e mais um pouco. É Lady Gaga, Super Gaga.
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