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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ler é mais importante que estudar. Ziraldo



Terminei a segunda parte deste artigo, ontem, da mesma maneira que terminei a primeira: dizendo que ninguém sabe ler neste país. É claro que esta é uma frase exagerada, tem a intenção de chamar a atenção para a gravidade do problema da leitura e da escrita no Brasil. Vale a explicação que dei ontem e vamos em frente.

Foi a palavra gravada na pedra, concreta, impressa para sempre, que ensinou, que informou, que registrou, que confirmou, que explicou e que permaneceu. Sem a palavra escrita – e impressa – o homem jamais teria chegado à lua.


A palavra escrita é básica! Logo, o que a escola fundamental tem que fazer é uma coisa só: ensinar a criança brasileira a ler e a escrever!!!!


Que nossas autoridades responsáveis não percam tempo. Paremos tudo no ensino fundamental. Vamos ensinar nossas crianças, apenas – apenas, mesmo, temos que ser drásticos – a arte da leitura e da escrita. (negritei)



Preparemos nossas escolas e nossos mestres para ensinarem nossas crianças a Gostar de Ler! Elas têm que entender o que lêem, a serem capazes de se expressar pela escrita.

É claro que o ensino total da leitura não é uma coisa imobilizante, como pode parecer quando falo disto com tanta ênfase. Enquanto se dá destaque absoluto a esta parte do ensino, é claro, a escola, ludicamente, pode ir interagindo com a criança – sem cobrar dela – para que ela se ajuste ao mundo, ao seu país, ao seu estado, à sua cidade, à sua rua, à sua escola e aprenda a ser cidadão. Sem perceber.


Pra terminar quero lembrar à professora que me escreveu: “Olha, professora, por favor, pega a sua turma – a que você acabou de alfabetizar – e não deixe nenhuma outra professora – nem a diretora da sua escola – tomar a turma de você enquanto você não tiver a certeza de que todos os seus alunos sabem ler e escrever como quem respira. Vá soltando um a um assim que você achar que cada um deles está pronto! Não tem nada dessa coisa anacrônica de ‘passar menino de ano’. Tem é que botar pra frente quem pode ir pra frente”.  (fonte: ziraldo)

 

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

“O livro do futuro”. Ziraldo


“Muito se fala sobre o futuro sombrio do livro diante do avanço de outras mídias. O livro precisará se adaptar para conseguir sobreviver à era digital?” (Revista Aplauso)

Não consigo imaginar que outro suporte a literatura e a poesia vão encontrar para se exercer. O livro é o objeto mais perfeito que o ser humano inventou. Se eu conheço a alma humana, uma lágrima há de manchar, sempre, a página de um livro; quem lê não vai deixar nunca de sublinhar a frase que marcou sua vida, haverá sempre uma violeta para alguém esquecer guardada entre uma página e outra. Há vários anos, logo que tomei conhecimento dos mecanismos da internet, eu inventei o livro do futuro: uma prancheta escolar, tendo na sua superfície uma tela branca de 14x24, com textura de papel. Você compraria na livraria um disquinho com toda a Divina Comédia, por exemplo, enfiava o disquinho numa ranhura da prancheta, apertava um botão e aparecia, na tela branca a capa do livro. Apertava de novo, aparecia a página de rosto, depois a página 1 (ou 5) e aí começava o livro, passando página por página com o apertar do botão. Você não precisava molhar o dedo. A prancheta teria cheiro de livro novo e as letras seriam todas com serifa, pretas sobre fundo branco. A gente ia ter, em casa, estantes com livros de papel só para enfeitar e matar as saudades. Acredito, de fato, que as enciclopédias e os livros de informação vão desaparecer para sempre. Mas os livros de versos ou de histórias, como a da madame Bovary, nunca. Jamais. (Entrevista de Ziraldo à Revista Aplauso nº 103, p. 9, 2009)

Ziraldo não menciona a data em que teve esta sua projeção de como seria o seu livro do futuro, mas o futuro está aí, agora, neste momento e, talvez, o livro mencionado por ele já exista e tenha até nome. Chama-se, em inglês, “E-Reader”. Pode ser o Sony Reader ou o Kindle. Segundo reportagens da Revista Superinteressante nº 272 de Dezembro de 2009, páginas 23 e 36, o Kindle além de substituir o livro físico de papel, poderá contribuir para a popularização da leitura, mas com um sério ônus. Segundo a pesquisa divulgada pela Revista, a produção de um e-reader, como o Kindle, gera 168 kg de CO2, contra apenas 7,46 kg de CO2 para a produção de um livro, entretanto, apesar do e-reader gerar 22 vezes mais poluição, compensa pela capacidade de armazenamento, pois num e-reader como o Kindle cabem 2000 livros comuns. Há perspectivas de que sejam vendidos mais de 14 milhões de e-readers, no mundo, até o ano de 2012. Isso evitará a “liberação de 1,6 trilhão de quilos de CO2, o equivalente à poluição gerada a cada ano por 800 milhões de carros”. A manchete é: “O Kindle pode salvar o mundo”. Será? E, se for, que venham então os “e-readers”. Welcome to the future! (Ramiro R. Batista)