A respeito da teoria do “Inconsciente do Texto”, para quem nunca ouviu falar ou não lembra mais, vale mencionar aqui uma passagem do livro “Littérature 52” (de Willemart, Paris, Larousse, 1983), segundo o qual o conceito de “inconsciente do texto” é entendido como trabalho do inconsciente, numa visão lacaniana:
"Em primeiro lugar, o autor não é uma mônada isolada que pudesse reivindicar o que ele produz como sendo algo exclusivamente seu; como qualquer homem, ele é a culminação de uma série de desejos de sucessivas gerações, o fruto de um momento cultural preciso. Em segundo lugar, ele utiliza uma língua carregada de sentidos que o domina e controla mais do que ele pensa. E, por fim, essa mesma língua, uma vez colocada no papel e através da narrativa, força arranjos e desloca elementos tanto no nível do sintagma quanto do paradigma" (p. 19).
"Em primeiro lugar, o autor não é uma mônada isolada que pudesse reivindicar o que ele produz como sendo algo exclusivamente seu; como qualquer homem, ele é a culminação de uma série de desejos de sucessivas gerações, o fruto de um momento cultural preciso. Em segundo lugar, ele utiliza uma língua carregada de sentidos que o domina e controla mais do que ele pensa. E, por fim, essa mesma língua, uma vez colocada no papel e através da narrativa, força arranjos e desloca elementos tanto no nível do sintagma quanto do paradigma" (p. 19).
E, mais à frente, no mesmo citado livro, Willemart ainda esclarece: “A literatura ou qualquer outra forma de arte define um contexto ou um Simbólico no qual o artista entra e é moldado. O material escolhido - a pedra, a linguagem, os sons, as cores - também cumpre uma função e trabalha o escultor, o escritor, o músico ou o pintor. Dessa forma, a escritura fornece ao leitor não apenas as fantasias do escritor, mas muito mais as de seus contemporâneos e o Simbólico em que todos estão imersos”.
Portanto, até no mais simples e inofensivo livro, o texto passa por um complexo e discutível processo de criação, que jamais deveria ser ignorado ou menosprezado.
(fonte: resenha do livro: “Educação sentimental em Proust”, de Philippe Willemart, Ateliê Editorial Cotia, 2002. Leia na íntegra a resenha intitulada “O não sabido e o sabido em psicanálise e literatura”, por Miriam Chinalli).
(fonte: resenha do livro: “Educação sentimental em Proust”, de Philippe Willemart, Ateliê Editorial Cotia, 2002. Leia na íntegra a resenha intitulada “O não sabido e o sabido em psicanálise e literatura”, por Miriam Chinalli).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.