Vou procurar teus dedos cortados na minha caixa de curativos, estavam junto do veludo vermelho que forrava teu vestido. Eu sei que quando encontrá-los continuarei sem você.
Ando com os bolsos vazios, com medo de ser uma daquelas pessoas que te esqueceram, com medo de abandonar meu laboratório portátil e a programação das vinte e uma.
Ando com pessoas que mentem e prometem na vida se perder. Há, em todos, uma frieza adolescente, um desalento calculado do qual estou cansado.
Porém, no fim, quando de tudo isso desacomunado, talvez, possa esperar sozinho o amor que foi desprezado, sem mais dos teus dedos me perder.
P.S.: Texto retirado do livro "Histórias curtas para domesticar as paixões dos anjos e atenuar os sofrimentos dos monstros", de Elrodris, pseudônimo de Paulo Scott, Editora Sulina, 2001.
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